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Cinco coisas, FLAGCX.

Papel & Caneta
5 min readAug 26, 2015

Ele não é de São Paulo e nem do Rio. Ele vem de longe. De Pelotas. Criou a CUBOCC em 2004. Em 2010 quis vender parte da agência para a Interpublic e tentar algo novo. Hoje, após dez anos, eleito pela GQ como um dos CEOs mais inspiradores do país, Martini é fundador de uma plataforma com quase 20 empresas criativas chamada FLAGCX que, apesar de ter nascido já nos holofotes da indústria brasileira, ainda representa uma incógnita para muitos líderes.

Mas por que isso acontece? Talvez por duas razões. Ou porquê eles ainda não pararam para observar, ou porquê tem medo de descobrir que um novo caminho está emergindo.

Dentre tantas conversas com líderes de diferentes agências do mundo, decidi conhecer o Martini este ano. Mas até isso acontecer demorou um tempo. Não porque ele não goste de conversar, mas sim porque sua agenda é uma das mais concorridas. Portanto, se você é jovem, se ele de alguma forma lhe inspira e você quer conhecê-lo, vá em frente. Tente. Corra atrás. Mas tenha paciência. Esse é o meu primeiro conselho. Entrar no universo FLAGCX é algo que exige perseverança. Embora seu DNA seja feito por muitos, o acesso é para poucos.

Mas vamos direto ao que interessa, o que faz a FLAGCX ser especial? Como Martini está desbravando um novo caminho no Brasil? As respostas são inúmeras, no entanto para ser prático vou separar o que mais me chama atenção. Cinco coisas que se destacam quando conecto meu olhar com todas as agências e líderes que estão atualmente surpreendendo o mundo com novas metodologias de trabalho.

Não basta ter apenas CEO. Tenha um CLAN.

Dizem que amor e trabalho não se misturam, mas se tem uma coisa que Martini valoriza e faz questão de ter ao seu lado é a Luisa, líder que além de esposa e sócia também comanda o CLAN — área especial voltada para iluminar a “cultura Flag” dentro do grupo. Bom, e em tempos de gender equality, isso é algo que eu realmente admiro e que, ao meu ver, se torna poderoso, pois enquanto um olha para a operação, o outro olha para as pessoas. Surgem então duas forças que se conectam, se convergem e se complementam. Full time.

Não contrate diretores de arte ou redatores. Encontre Makers.

Se você nunca se perguntou como é construído o time da FLAGCX, está na hora de parar e observar. Multidisciplinares e super conectados, seus profissionais dificilmente vão dizer que são apenas Diretores de Arte, Planners, Programadores ou Redatores. Ali todos são Makers. Um time experimental que, em sua maioria, atua em projetos paralelos e geralmente só busca co-criar projetos com outros Makers. A dinâmica me lembra tanto a Six Inc de Tokyo quanto a Breakfast de NY e, particularmente, acho sensacional.

Alguns nomes que fazem ou já fizeram parte do universo FLAGCX

Não prenda seu time a um modelo. Liberte-se.

Se você gosta da zona de conforto, a FLAGCX não é para você. Como o modelo de negócio ainda está se reinventando como um todo, é muito comum que os profissionais mesclem sua função e evoluam sua área de atuação. Portanto, mais importante do que ser algo, é pensar global e fazer algo. Não importa em qual posição você esteja. O essencial é estar pronto para criar, se redescobrir e experimentar. Uma postura semelhante ao que vem acontecendo na Big Spaceship em NY e na Castro em Buenos Aires.

Não crie um marca. Desperte uma experiência.

Por forte influência da Luisa, a FLAGCX é um universo em tons de preto & branco, underground e bem futurista. O corredor, por exemplo, é um desafio a ser caminhado. Ele é totalmente escuro e, por sensor, ele ilumina. Com o tempo você se acostuma. Mas ele por si só já é uma experiência. E quanto a sala de encontros? Incrível. Uma das mais legais que já vi no mundo. Algo que, até então, só encontrei similar na Sid Lee.

Não espere que os outros lhe entendam. Faça.

Enquanto muitos líderes ainda estão discutindo o futuro da propaganda na Berlin School, Martini está na Singularity olhando para o futuro da tecnologia e robótica. E como isso vai de encontro ao convencional, surge um delay. Uma ruptura. Por isso, sendo inquieto, reservado e observador, ele pode até parecer anti-social (um ‘cyborg’ como o mercado brasileiro fala), mas o que acontece é que seu mindset é diferente. Enquanto a maioria olha para um lado, ele se desafia a encarar outro. E é exatamente isso que hoje o mundo espera ver.

Ad Age
Axe. Romeo Reboot. Trailer

Por fim, se você é pessimista, chegou até aqui e agora está se perguntando: será que a FLAGCX tem futuro no Brasil? Bom, acho que ainda é cedo para responder. Sendo bem sincero, talvez essa seja a pergunta menos relevante nesse momento.

Até porque, para mim, o mais importante está sendo acompanhar o que Martini tem feito acontecer. Não só ele. A Luisa, o Gus, o Matheus Lee, o Matheus Barros, a Helene, a Maria, o André Matarazzo. Afinal, diante de um mercado onde muitos ainda estão presos a velhas crenças, o mais especial é saber que, juntos, ele estão rompendo um sistema e criando um novo.

Coletivo. Ao mesmo tempo para poucos.

-A

Registros de Conexões

FLAGCX (SP) — Sid Lee (Montreal) — Big Spaceship (NYC) — Breakfast (NYC) — Six Inc (Tokyo) — Castro (Buenos Aires)

André Chaves tem 26 anos e desde 2013 é Conector no Papel&Caneta.org, projeto colaborativo cuja missão é conectar líderes transformadores de diferentes agências do mundo para que todos possam inspirar uns aos outros e trabalhar juntos para fazer mudanças positivas acontecerem.

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Papel & Caneta is a nonprofit collective consisting of leading creatives who work with activists to create empathy for overlooked or unfairly judged communities